segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sonho eterno


Minha vida parecia estar de ponta cabeça. Em apenas um mês ela ficou um desastre: Meus pais entraram na sua segunda lua de mel, e foram para Paris. Eu continuava ali, na pequena e monótona cidadezinha de sempre. Foi quando recebi uma ligação, que minhas pernas ficaram frouxas e que percebi que o sentido da minha vida estava por um fio. Pela infelicidade do destino no dia 13 de abril de 1989 meus pais sofreram um trágico acidente e não sobreviveram. Logo depois tentando me recuperar, mudei de cidade. Perdi o contato com meus amigos e com os poucos familiares que me restava. Eu estava sozinha. Sem ninguém. As luzes, o barulho e o tumulto da cidade grande me deixavam a cada dia, mais louca e depressiva. Depois de chegar de uma lanchonete que ficava em frente ao kit-net que eu alugava. Resolvi tomar um banho. As lembranças ruins não paravam de passar pela minha mente. E enquanto a água caia sobre meu corpo, a mesma se misturava com minhas lágrimas. Depois disso, tomei alguns remédios e fui me deitar. Dormir era a única coisa que me fazia bem, pois eu ainda tinha esperanças que pudesse encontrar meus pais nos meus sonhos.
Encontrei-me em um túnel escuro, longe de tudo e de todos. O silêncio e o frio predominam aqui. Sem poder enxergar, não sei os passos que devo dar. Não consigo ver luz alguma. Não tem como saber se há paredes ou não. Não consigo enxergar mais nada além de escuridão. Na minha mente consigo enxergar apenas barreiras. Barreiras por toda parte. Eu sei que devo enfrentá-las. Mas tenho medo. Tenho medo de ir além. Não sei os passos que devo dar. Não consigo ver luz alguma. Não quero ficar o resto da minha vida aqui. Preciso ir além. Aos poucos vou tomando coragem e prossigo. Não sei pra que lado estou indo. Vou devagar. Não quero fazer barulhos. Não sei onde realmente estou. De repente sinto algo no meu ombro, e uma respiração ofegante sobre mim. Corro. Parecia que tinha percorrido quilômetros. Enfim avistei a luz. Lá no fim. Mas pra mim já era o bastante. Só queria sair daquele lugar. Cada vez que eu me aproximava a visão ficava mais clara e óbvia. Eu estava em um lugar completamente diferente dos que eu já tinha visto. Era um jardim imenso. Com muitas pessoas, pássaros e borboletas. Era diferente das praças que eu costumava frequentar. Várias pessoas olhavam para mim. Por um momento fiquei sem jeito. Elas olhavam, sorriam, mas ainda assim ninguém vinha falar comigo. Até que avistei um senhor, devia ter em torno de 75 anos. Perguntei onde nos estavamos. Ele não respondeu. Apenas sorriu e apontou seu dedo indicador para uma árvore que estava na minha diagonal. Fui até lá, mas não tinha ninguém que pudesse me ajudar. Estava cansada, mal conseguia ficar em pé. Ali me encostei e logo peguei no sono. Um leve cochilo, mas que me fez dormir por provavelmente 1 hora. Ao acordar podia ver algumas pessoas ao meu redor. A visão era meio embaçada. Levantei-me rapidamente. Um pouco assustada. Percebi que eram dois casais, provavelmente deviam casados. Não os conheci. Uma moça com olhos verde água me deu a mão, como se quisesse me levar a algum lugar. Eu não tive escolha. E ela me pareceu confiável. Pouco tempo depois já estávamos em outro lugar, dessa vez era uma casa, tinha moveis antigos e parecia ser habitada por várias pessoas. Pensei comigo mesma que talvez fosse uma pensão. Ela me colocou em frente à uma porta e me deixou ali. Estava sozinha mais uma vez. Pensei um pouco, e resolvi abri-lá. Era um quarto. Avistei minha mãe sentada na cama e meu pai ao lado, em pé, perto da janela. Meu coração disparou. E fui correndo encontrá-los. Ali ficamos um bom tempo conversando e matando a saudade. Do nada, olhei para o lado e eles já não estavam mais lá. Continuei ali, com a esperança de que eles voltassem. Não queria perde-los novamente. Fiquei horas e horas, sentada na cama, e sozinha mais uma vez. Já era noite e como eu não tinha pra onde ir permaneci no quarto e dormi. Acordei-me no dia seguinte. Olhei para os lados e percebi que não estava no mesmo lugar. Esse lugar era feio, as folhas eram secas, tinha uma paisagem obscura e me deixava angustiada. Logo um homem mau vestido, veio em minha direção, me perguntou se eu estava perdida. Fiquei com medo, pois ele parecia com aqueles típicos assassinos e ladrões que aparecem o tempo todo na TV. - Por um momento fiquei tranqüila quando me lembrei que poderia ser só um sonho, pois afinal dormi com o intuito de ver os meus pais, nem que ao menos fosse a um misero sonho. - Me dei de conta que ele ainda estava esperando pela minha resposta, foi quando disse que não sabia onde estava. Rapidamente ele me respondeu: fica tranqüila, aqui não parece um lugar ruim, pelo menos é melhor do que o lugar onde vivíamos, foi por isso que eu me suicidei, deve ter sido assim com você, quando optou pela morte.
Meu chão caiu novamente. Ele tinha acabado de dizer que eu havia me suicidado. Eu não seria capaz de fazer isso comigo, seria? Foi aí que as lembranças vieram na minha cabeça. Antes de dormir eu devia ter tomado todos os comprimidos do envelope de depressão. Estava mal, não agüentava mais. Entreguei-me. Como pude? Mas por um lado valeu apena, vi meus pais mais uma vez, foi rápido, mas guardarei na memória até enquanto puder. Ainda me arrependo do que fiz. E sei que vou pagar caro por isso. Hoje só quero que as pessoas me entendam, assim como eu quero me entender.

16 comentários:

Julia Bastos disse...

Perfeito *-*

Marina Moscardini Souza Lellis disse...

O texto ficou lindo!

Beijos
http://estiloemcapitulos.blogspot.com

Rafa Ariane disse...

Oi. Vim agradecer e retribuir a visita. Mas já sigo o seu blog há um tempinho... Beijinho

Unknown disse...

Oi linda adorei seu texto rs. você me seguiria? - > http://algodemomento.blogspot.com/

obrigada :]

Encanto Cinderela disse...

nossa texto muito lindo, com final triste e trágico, mas lindo!muito bom. beeijos. topa parceiria?

Lanna disse...

o texto ficou divino, você mesma que o escreveu? inacreditavel! adorei mesmo e confesso que chorei no final, pois me vi na situação do personagem, sempre que leio textos do tipo sinto a emoção, o medo, a insegurança, a anjustia ou qualquer que seja a sensação do personagem! parabéns, adoro seu blog , bjbj ;*

Alan Souza disse...

muuuuuuuuito lindo esse texto, parabens *-*

HONORATO, Sandro. disse...

Demais este texto.
Gostei dos ultimos post principalmente das cantadas
kkkkkkkkkkkk

www.rimasdopreto.blogspot.com

Bjos

Josy ✪ disse...

Olá amei o texto =) Esta mt lindo mas triste :S ( Pensei que teria um final diferente ") Mas esta de parabens na mesma ^^
Bjs

PS:Estou levando seu link-me para colocar lá no meu blog ;D

http://www.dreamempire-artstudio.blogspot.com/

Tonný disse...

D++ lindaa, amei o novo fundo do blog jeans.. bjzx http://popnewsmusic.blogspot.com/

k. florzinha . disse...

Oie tem selinho lá no blog para vc..
pega lá.. é o adooro! e top vip..


"O que obviamente não presta, sempre me interessou muito."

blog da floor

Karine Lima disse...

Lanna: foi eu sim ;D
E obrigado mesmo gente, fico feliz que tenham lido, apesar de ser um pouco grande e por principalmente terem gostado!

Anônimo disse...

Karine, Gostei do post. Achei interessante como você descreve os conflitos internos da personagem e o quanto nos surpreende no fim.

Abraço.
Dá uma passadinha no meu blog:
http://facesdafase.blogspot.com/

Anônimo disse...

Merry Christmas and Happy New Year, may all your wishes come true!

Anônimo disse...

Merry Christmas! Let the new year will bring a lot of money

Anônimo disse...

Beautiful post, great ))